quarta-feira, 6 de outubro de 2010

HISTÓRIA DAS SEREIAS



Numa noite calma de primavera ou outono, o marinheiro deixa deslizar docemente seu barco perto das margens semeadas de rochedos e ouve ao longe, no marulho das ondas, o gorjeio de uma ave. Esse gorjeio, entrecortado por gritos estridentes e zombeteiros, ganha os ares e passa invisível com um estranho sibilo se asas, por cima da cabeça do marinheiro atento, dando-lhe a impressão de um conserto de vozes humanas. A sua imaginação lhe representa grupo de mulheres que se divertem e tentam desviá-lo se seu rumo. Ele acaba se aproximando mais para identificar a voz e sua embarcação agradecer a estes poetas que criaram esta lenda tão maravilhosa. As sereias na época de Homero eram 3 irmãs, filhas do deus Aqueló e da musa Calíope. Ligia toca flauta, Parténope lira e Leucósia lêem textos e cantos. Seus nomes gregos evocam as idéias de candura, de brancura e de harmonia, outros dão-lhes os nomes de Aglaofone, Telxieme e Pisionoe, denominações que exprimem a doçura da sua voz  e o encanto de suas palavras. Conta-se que elas eram ex-companheiras da Perséfone, filha de Demeter, que foi raptada por Plutão (Hades), senhor dos Infernos. Segundo a Lenda, as sereias devem sua aparência a Demeter, que as castigou por terem sido negligentes ao cuidarem de sua filha. Ovídio, ao contrario, diz que as sereias, desoladas com o rapto de Perséfone, pediram aos deuses
que lhes dessem asas para que fossem procurar a sua jovem companheira por toda a terra. Habitavam rochedos escarpados sobre as margens do mar, entre a ilha de Capri e a costa de Itália. O oráculo predissera as sereias que elas viveriam tanto tempo quanto pudessem  deter os navegantes á sua passagem, mas desde que só passasse sem para sempre ficar preso ao encanto de suas vozes e das suas palavras,
elas morreriam. Por isso essas feiticeiras, sempre em vigília, não deixavam de deter pela sua harmonia todos que chegavam perto delas e que cometiam a imprudencia de escultar os seus cantos. Elas tambem os encantavam e os seduziam que eles não pensavam mais no seu pais, na sua familia, em si mesmos. Esqueciam de beber e de comer e morriam por falta de alimento. A costa vizinha estava toda branca de ossos daqueles que assim haviam perecido. Entretanto, quando os Argonautas passaram nas suas paragens, elas fizeram vãos esforços para para atraí-los. Orfeu, que estava embarcando no navio, tomou sua lira e as encantou a tal ponto que elas emudeceram e atiraram os instrumentos ao mar.
   Ulisses, obrigado a passar com seu navio adiante das Sereias, mas advertido por Circe, tapou suas orelhas e de todos os seus companheiros e se fez amarrar os pes e as mãos ao mastro principal. Alem disso, proibiu que de lá o tirassem se, por acaso, ouvindo o canto das sereias, ele exprimisse o desejo de sair. Não foram inúteis essas precauções. Ulisses, mal ouviu as doce vozes e as promessas sedutoras das sereias, deu ordem para que seus marinheiros o soltassem, o que felizmente eles não fizeram. Pausânias conta ainda uma fabula sobre as sereias: “as filhas de Aqueló, diz ele encorajadas por juno, pretendiam a gloria de cantar melhor do que as Musas, e ousaram fazer-lhes um desafio, mas as Musas, tendo-as vencido, arrancaram-lhe as penas das asas e com elas fizeram coroas.” Com efeito, existem antigos monumentos que representam as Musas com uma pena na cabeça. Apesar de temiveis ou perigosas, as Sereias não deixaram de participar das honras divinas e tinham um templo perto de Sorrento.

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